domingo, 31 de maio de 2009

TAPIOCARIA E CAFÉ MATUTO ( homenagem a essa tapiocaria, recentemente aberta em meu bairro)


Caminhando ostro dia
Lá nas rua do meu baijo
Dei de cara, de repente
Com uma coisa nuzitada!
Surpresa, eu espiei
Me cheguei mais de pertinho
Abismada com o cantinho
Parei em riba da calçada

Eu dimirei encantada
Aquela enfeitação
O cenáro era igual
Os que tem no meu sertão.
Num cordão dependurado
Tava os livrim de cordel
Na parede a empanada
Toda feita de fuxico
Menino, eu só acridito
Proque
meus óis espiava

Na coluna de tijolo
Prantada no mei da sala
Vejo outra invenção
Chapé de todo modelo
Colocado ali com zelo
De coro, com aba e sem aba
Tudo muito originá
Tudo muito criativo...
As banqueta de madeira
E mesinhas arrumada
Avistei também a rede
Pelos punho enrrolada
Num fartou nem o berrante
Pra lembrar das vaquejada.

Se escuta Luis Gonzaga
Ao som duma radiola
Ou o Trio Nordentino
Nos quatro canto tinindo
Triango, safona e zabumba
Crio inté calo na bunda
Sentada ali, só uvindo

Nada fica a desejá
De outras de grande porte
E digo é sem vacilá
Que tivemo muita sorte!
Tapioca aqui se tem
De gosto bem variado
Cafézin cuado na hora
Cuscuz gostoso e molhado.

O inventô que criou
Esse cantin só pra gente
Me deixou prá lá de contente
Com essa sua invenção.
E quando chego cansada,
De manhã, do meu serão
Oxente, num conto pipoca
Eu faço qui nem dondoca
Pego a vazia na mão;
Tenho gosto absoluto
E chego lá num minuto
Proque eu só compro lá.
E se quiser me acompanhá
TAPIOCARIA E CAFÉ MATUTO!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

PARABÉNS JACQUELINE (poesia que fiz para enfermeira Jacqueline no seu aniversário)

Ainda faltam três dias
Pra data do nascimento
De uma linda menina de olhos negros
E sorriso encantador
Que veio ao mundo pra trazer só alegria
E encantar a todos com simplicidade e amor.

Não sei explicar, mas Deus sabe, e eu sinto
Um sentimento puro de amor e proteção
Como se minha filha fosse, como outras que já tenho
Ausente da minha vida, mas não do meu coração.

Como filha, te amo. Como mãe te abençoo
E a ti desejo toda felicidade na vida!
Que seu sorriso sorria por muitos e muitos anos,
Por todos seja amada e querida.

Pra você fiz essa simples poesia
Versos simples, sinceros, com inspiração;
PARABÉNS A VOCÊ, MUITA PAZ E HARMONIA
Um beijo grande no seu coração.

UM PLANTÃO COM A DINDINHA (homenagem à enfermeira Olandina, conhecida por Dindinha)


O dia está amanhecendo
Meu relógio está marcando
Porque, aqui dentro, trancada
Passou toda madrugada
Acabei nem percebendo...
Êta platãozinho medonho
Repousar? Nem mesmo em sonho!
A noite foi de amargar:
Cinco traumatologias
Com mais seis laparotomias
E mais uma vascular!
Quando penso que acalmou
Lá da porta grita o Doutor:
"Olandina, mande logo preparar
Dois crânios que vão subir
Pois não dá pra esperar!
Avise ao anestesista
Que eu já vou me trocar".
Minha amiga, não é mole
As pernas estão tremendo
A noite toda correndo
Pra buscar material.
E completando o azar
A colega que tá lá
Faz a gente enlouquecer!!
Diz que está faltando roupa
E a Dindinha quase louca
Sem saber o que fazer!
E todo mundo se agita
É um entra e sai da sala
Faltou eletrodos na mala
Lá vou eu de volta buscar
Mariazinha dormindo...
Em cima de dois colchões
Nem se dá conta do agito
Nas noites dos seus plantões...
E se alguma de nós,
Precisar ir ao banheiro
Um conselho: vá ligeiro,
Não deixe a Dindinha lhe ver
Dela, tente se esconder
Ao passar no corredor
Senão você volta pra sala
Com o carrinho e a mala
Mesmo sem ser você!
A Dindinha é assim mesmo
Elétrica e agitada
A gente chia, a gente fala
Ficamos vermelhas ou amarelas
Mas gostamos muito dela...
Dependendo de quem for a enfermeira
Vou dizer como fica o plantão:
Se for calmo, a Dindinha agita
Agitado com a Deyse é um pão!
Com seu jeito desbocado
E falando palavrão.
Mas nunca com a gente ela briga
Só nos chama de "rapariga"
Com ela não tem confusão.
E assim são todas elas
Guerreiras profissionais
Oriá, Estelita, Janete
Espere aí que ainda tem mais
Mônica, Glailma, Fábia e Rejane
Todas são muito legais.
Parece enchimento de saco
Mas afirmo não é não!
Pois gosto tambem das Enfas
Lá da Recuperação.




sábado, 16 de maio de 2009

METAMORFOSE


Quem não lembra em tempos idos
Tempos que estão na lembrança
Lembro, eu ainda era criança
A Assistência Municipal
Era o Hospital principal!
Os anos foram passando
Eu cresci, a cidade também.
Mas lá, naquele lugar
De pé ainda estava
Meio velho, sem fachada
Não mudara quase nada
A Assistência Municipal.
Adulta, me formei
Auxiliar de enfermagem, me tornei
Saí, então, a procurar
Um lugar pra trabalhar.
Fiz o concurso e passei,
Mas, confesso, nunca pensei
Que aqui eu viesse parar.
Eu não tinha a menor simpatia
De ver tanta gente em agonia.
Mas, a verdade é que aqui cheguei
E ao chegar me deparei
Como um prédio mais que lindo!
Gente entrando e saindo,
Dentro, todo o conforto
Tem até um heliponto
Coisa de primeiro mundo!
Parei e respirei fundo
Olhei, então, para cima
Da estrutura, observei cada quina.
Meu olhar, então, parou
E, numa frase, se fixou
Chamava atenção o que vi.
E, pra entender, li e reli
E, então, de imediato
Foi relâmpago, foi à jato
Passei a amar essa casa.
Aquela frase me comoveu, era forte!
E aqui, onde se ri a vida, se chora a morte,
Também, se têm esperanças.
Sei que toda pessoa que vê
Olha para cima e lê
Fica, como eu, comovida
Com aquela frase comprida:
IJF, 24 HORAS DE PROTEÇÃO À VIDA
Pois é, quem diria!
Que a Assistência Municipal, um dia
Por essa metamorfose passaria.
Profissionais de plantão, toda hora
Aliviando a dor de quem chora
Prestando com amor toda assistência
No único hospital de referência.

UM DIA NO FROTÃO (CENTRO CIRÚRGICO E RECUPERAÇÃO)

(Ela só quer, só pensa em namorar - Luiz Gonzaga)

Eu vou contar como é o dia no Frotão
Centro Cirúrgico e Recuperação
Assim falando você diz que é mentira
Mas vá lá ver e confira
É doideira, meu irmão.
No fim do dia, eu já tou de perna inchada
A coluna maltratada
Dor na articulação

(REFRÃO)
IJF, popularmente FROTÃO
Lá se trabalha por amor à profissão

E num instante, no corredor
Vai chegando paciente
Todos gemendo de dor.
Um levou queda de moto
Outro, que levou facada
Outro, com apendicite
Outro, a cabeça lascada
Outro, com trauma fechado
E uma gravidez turbaria

(REFRÃO)
IJF, popularmente FROTÃO
Lá se trabalha por amor à profissão

A gente anda um quarteirão
Pra chegar com o doente
Lá na Recuperação.
E lá, não é diferente
Veja que situação.
Uma aspira, outra banha
Outra, dá medicação
O doutor e a enfermeira
Com prontuário na mão

(REFRÃO)
IJF, popularmente FROTÃO
Lá se trabalha por amor à profissão

Deu meia-noite, ninguém parou
"Podes crer" foi nessa hora
Que o plantão começou
É a vez, então, das plásticas
Começa a salada
Neuro, Trauma, Oftálmica
E uma geral montada.
Quando eu deito em meu colchão
Chega uma capitação

(REFRÃO)
IJF, popularmente FROTÃO
Lá se trabalha por amor à profissão

Nos intervalos, bem ligeirinho
Uma coca bem gelada
Ou então um cafezinho
Chama, depressa, o maqueiro
Pede pra ir na cantina
Comprar picolé e biscoito
Escondido da Olandina

(REFRÃO)
IJF, popularmente FROTÃO
Lá se trabalha por amor à profissão
O dia vai amanhecendo
Vou continuar na luta
Do meu lar estou esquecendo
Mas, trabalho com amor
E a força da necessidade
Eu só peço a Deus saúde
E muita vitalidade.
E imploro ao diretor
Aumente a PRODUTIVIDADE

sábado, 9 de maio de 2009

RECORDAÇÕES DO SR.CAUBYR (homenagem que fiz nos 75 anos desse grande amigo)


Naquela mesa se reunem sempre
Não há quem não se lembre
De vir comemorar
E hoje ele faz mais uma era
Eu conto com a galera
Pra me acompanhar

Quero falar um pouco da sua vida
Uma história comprida
Bela e exemplar
Eu vou falar um pouco dessa casa
Onde ele vive e passa
O tempo a meditar

É uma casa linda e arejada
Muito bem arrumada
Com um belo jardim
Só que tem dia que pedem socorro
Com tanto do cachorro
Na rua a latir

Ainda falam que a prefeitura
Vai fazer abertura
Pra avenida alargar
Deixando assim sua casa desfalcada
Da linda fachada
E do grande jardim

Um homem íntegro e conservador
Nos fala com amor
Da vida de rapaz
Conta que um dia já foi jogador
A bola dominou
Que driblava demais

Até que um dia surge em sua vida
A donzela Valfrida
E se apaixonou
E esse ano com o seu tesouro
As bodas de ouro
Já vão completar

Eu vou falar um pouco do passado
Vamos deixar de lado
A vida que ele tem
Em tempos idos foi bom funcionário
Ganhando seu salário
No Banco do Brasil

Como gerente foi trabalhador
Muito respeitador
Caráter nota MIL
Nunca sequer saiu fora do horário
Estando no trabalho
Valfrida até pariu

Conta que já deu muitas gargalhadas
Histórias engraçadas
Ele faz reviver
Acha que já fez tudo em sua vida
Com a missão cumprida
Nada mais a fazer

Já ouvi dele sem acreditar
Pois diz que pronto está
Que já pode morrer...
Não fale mais assim Senhor Caubyr
O queremos aqui
Nós amamos você

E revivendo ainda um pouco mais
Eu sei que tempo faz
Mas é tão bom lembrar
Das coisas boas que ele tem saudade
Porque na sua idade
Relembrar é viver

Sente saudades dos filhos crianças
Domingos de festança
Os filhos a correr
E acordavam todos já no pic
Pois o pic-nic
Nem pensar perder

Eu não sabia que ele amava tanto
Mas hoje eu sei o quanto
Ele foi bem feliz
Ai que saudade "daquela Valfrida"
Esposa tão querida
Do seu coração

Naquele tempo o que Cauby falava
Valfrida acatava sem objeção
E para tudo ela dizia amém
Sufocando porém
A própia oponião

Hoje estou vendo aqui na minha frente
Um casal diferente mais com muito amor
Três lindos filhos Deus a eles deu
Mas um já faleceu
Porque Jesus chamou

E nessa casa tão aconchegante
Com seus olhos brilhantes
Escuto ele dizer
Que ir à missa e fazer a feira
Parece besteira
Hoje é seu lazer

E quando quer ir a um restaurante
Digo-lhe num instante
Onde é que ele vai
Não adianta ninguém advinha
Contaram pra Ledinha
Agora eu vou falar

Pega Valfrida e põe dentro do carro
Vão almoçar no MACRO
Ou lá no Caravele
Não adianta outro indicar
Porque para almoçar
Só esses dois que servem

É um barato assim o seu Cauby
Se a gente vem aqui
Preste-me atenção
Porque na hora quando vamos embora
Segue-nos até lá fora
E veja o que ele faz

Sai nos benzendo com sinal da cruz
Pedindo a Jesus
Pra casa nos levar
E esse gesto que tão bem nos faz
Deixa a gente em paz
Querendo retornar

E se alguém lhe perguntar assim
Tudo bem seu Cauby?
Resposta vem atráz
Vai tudo bem, vai tudo mais ou menos
Mais ou menos o quê?
Mais ou menos em paz!

E dessa frase ele já fez seu lema
É sempre a mesma cena
Não muda jamais
E assim vai o seu Cauby vivendo
Sempre mais ou menos
Menos, mas em paz

Depois que almoça ele fica de pé
Pra tomar o café
Que a Eridan lhe faz
E despedindo-se dá "boa noite"
Embora o sol açoite
E sai pra repousar

Sempre elogia o assado da Maria
E nessa harmonia
Vivem em união
Dois netos lindos, Camila e Gabriel
Amores tão fiéis
Amam de coração

Esses versinhos que cantei aqui
Digo-lhe seu Caubyr
Eu fiz com muito amor
Pelo Senhor tenho muito respeito
E fico até sem jeito
Me faça um favor

Quero beijar de leve sua mão
Tamanha a gratidão
Que tenho por vocês
Pela amizade simples, mas sincera
Deus te dê muitas eras
Com essa lucidez.

(Aniversário do seu Caubyr em 15-06-2003)

HISTÓRIA DA MINHA VIDA ("Mulheres", de Martinho da Vila)


Já tive um marido
Com quem me casei
Mas que decepção
Logo me separei
Era peia de dia
De noite era cama
Suportava as doidices
E seus porres de cana

Depois de cada briga
Pra minha mãe eu voltava
Ele puto da vida
Pois não se conformava
Quando a coisa esfriava
Ele de cara lisa
Me levava pra casa
E me dava outra pisa

Depois se arrependia
E as vezes chorava
Me pedia desculpas
Enquanto "coisava"
Mas com o passar dos dias
Outro porre bebia
Tudo recomeçava

Procurei de todas as maneiras
Uma solução
Mas eu não encontrei
Pedi separação
Depois de um ano e meio
Arrumei um NEGÃO

Chegou-se e meteu-me a CHIBATA
E mais dois filhos fez
Levei chifre mais que a cabra
Caga em um mês
Essa é a história da minha vida
O que acham vocês??

MELÔ DA ANESTESIA RAQUE ("Dança do bumbum", É o tchan)


O melô que vou cantar eu digo pra você
Melô da anestesia raque, quem quer aprender
Fura em cima, mais em baixo, acerta no osso
O doente dá um grito, estica o pescoço
Não se mexa, meu amigo, fique bem quietinho
Que a agulha tá entrando e já deu na aguinha

Bote as mãos nos joelhos
Abaixe a cabeçinha
Mas não fique nervoso
É só uma picadinha

Agora fique parado
Não pode mexer
Se eu errar nessa agulhada
É pior pra você.

ESPELHO (homenagem ao Dr. Flávio Leitão Filho)


Você é um exemplo a ser seguido
Tenho certeza que é querido
Por esse seu jeito de conquistar.

Você que sempre trata muito bem a gente
Sempre trabalha sorrindo e contente
Eu nunca vi você se stressar.

A verdade é essa, e apesar de tudo
Ninguém vê você de mau humor com o mundo
Quem sabe é por isso que teu coração
Maravilhosamente bate em FLÁVIO LEITÃO

Que coração!!!
Eu vou sempre falar
Que quebre o pau que for fininho
Porque o Flavinho é exemplo a dar

Vão se ESPELHAR...

MELÔ DO CIRURGIÃO (homenagem aos cirurgiões do IJF)


Não há, oh gente, oh não
Quem sofra mais que o cirurgião... (refrão)

Que vida dura,
Vivem abrindo barriga,
Costurando “mói” de tripa,
Isso é vida de peão.

Trabalham tanto,
correm de um hospital pr’o outro,
Tão ficando quase loucos
E doentes da pressão.

Numa só tarde
Fazem três apendicites
Duas diverticulites
E arrancam um tumorzão.

Sua mulher, em casa tá desesperada
Não ganhou quase mais nada
Cuidado com o Ricardão

Vocês tão rindo
Gente, isso não é besteira
Quando chega sexta feira
Ficam louco pra sair

O hospital lhes toma
Sempre o tempo todo
Ficam com cara de bobo,
Querem mesmo é dormir...

Quando amanhecem, dizem:
“Meu Deus, pra onde eu vou?”
Vida triste é a de doutor
Não tem tempo pra amar.

Sua esposa, outra vez mais,
Passou batido
Só pode ser um castigo
Outra vez não vai “nhanhar”.

“Mas, dou a ela vida boa e celular,
Dou dinheiro pra gastar,
O que mais que ela quer?
Seu carro novo, que eu dei, é importado
Só porque cheguei cansado
Diz que estou com outra mulher.”

É isso ai,
Cirurgião que não tem grana,
Consultório e boa fama,
Esse, sim, é de lascar.

Chegando em casa,
Ele tem que dar no coro,
Com medo de virar touro,
Viagra tem que tomar.

Bem poderia ter feito outra faculdade
Mas pensou com vaidade:
“Ser doutor vai me dar grana!”
Pouco dinheiro para o tanto que estudou
Só não digo que errou, por salvar vidas humanas.

MORTO VIVO (homenagem ao ex-marido de Ledinha)


Fui à Juazeiro, Crato, Brejo Santo,
Andei mais um tanto, e cheguei por lá.
Na fazenda Egito, onde lá morei,
Sozinho encontrei, meu marido gagá.

Num quarto sombrio, tristonho e tão pobre,
A tristeza cobre, o que chamam de lar.
A rede armada, nem sei há quanto tempo
Um cheiro horrendo de sarro no ar.

Não tinha armário, nem mesmo uma mala,
Num prego ele embala a roupa que tem.
Uma velha camisa, nem sei que cor é
Num canto os chinelos, no outro o boné.

Cenário amargo, quem vê sente dó,
Vivendo tão só, leva o tempo a pensar.
E volta cem milhas, pensando nas filhas
Nos olhos, a sombra de quem quer voltar.

Olhando esse homem sem vida e sem amor
Que nunca lutou pra família guardar...
Deixou que a cachaça fizesse a desgraça
E hoje está sozinho, sem filhos, sem lar.

Os olhos azuis ainda têm a beleza
E foi, com certeza, esse triste olhar,
Um dia tão belo, tão cheio de cor,
Que me conquistou e levou pr’o altar.

E fomos felizes os primeiros anos,
Mas, os desenganos chegaram pra mim.
Eu, muito criança, perdi a esperança
E meu casamento foi chegando ao fim.

E a grande batalha pra mim começou
Deus abençoou e a luta venci.
Criei quatro frutos desse amor tão bruto
Passei por momentos que eu nunca esqueci.

E, hoje, adultas, na vida ajustadas,
São todas criadas, as filhas que eu
Sem experiência, mas, com paciência
Dosei meu carinho com a ajuda de Deus.

E hoje vivendo o nosso presente,
O pai tão ausente e distante de nós...
Sozinho, isolado, um pobre coitado,
Na mente o passado e lembranças atroz.

Não sabe esboçar nem mais uma emoção
Tremula com as mãos e a voz a embargar.
Resta-lhe um filho que ainda tem brilho
De dar-lhe o alimento e às vezes banhar.

E aquele menino criado jogado
O filho bastardo que ele gerou,
É hoje o alento de todo momento,
Sem ele seria pior sua dor.

E passam as horas, o dia é comprido,
Tantos comprimidos lhe dão pra tomar.
E fica encharcado, tão impregnado
Somente o cigarro distrai seu penar.

Assim é a vida; pra todos é igual
Se paga o mal, sem sequer perceber.
Hoje eu tenho pena, mas muitas das cenas
Vivi do seu lado com muito sofrer.

Só peço que Deus venha compadecer
Porque seu sofrer já vai longo demais.
Tire o sofrimento lhe dê mais alento
Coloque em sua vida um pouco de paz.